7 de setembro de 2010

"Queria que você fosse o meu livro, pra eu te ler todo dia e te saber de cor. Queria te decorar, te prever, te rodear, te recitar, te frasear, te fantasiar, te soletrar, te interpretar. Queria repetir cada verso seu pra qualquer um que quisesse saber qualquer coisa sobre o amor. Queria conhecer cada página sua e me encantar. Queria ter você na ponta da língua e na palma da mão. Queria tocar suas letras e entender seu coração."



Queria que você fosse o meu caderno, pra que, ao menos dentro de você, tudo fosse possível. Queria uma verdade inventada pra te fazer feliz. Queria ter o poder de fantasiar um final de filme pra esse “eu e você” que insiste em não me deixar em paz... Um final que fosse o conto do nosso conto, o sonho do nosso sonho e que tivesse o nome e a cor da gente. Queria me escrever em você de caneta azul e nunca mais apagar. Queria te dar minhas melhores palavras, sem devolução. Sem borracha. Sem validade. As frases de caneta são eternas e você não pode apagar. Queria nos rabiscar, nos desenhar, nos enfeitiçar, nos grifar, nos colorir. Queria ter você entre uma palavra e outra, sem espaços, sem rimas prontas, no inverso de mim, na interjeição de nós. Queria te mostrar, capítulo por capítulo, essa nossa história, que já existia antes mesmo de nós. Queria te mostrar meus ensaios, os ensaios de mim mesma, pra você me tirar do rascunho e, finalmente, me viver.



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